"A INSENSATEZ QUE VOCÊ FEZ, CORAÇÃO MAIS SEM CUIDADO…FEZ CHORAR DE DOR,
O SEU AMOR, UM AMOR TÃO DELICADO. AH.. PORQUE VOCÊ FOI FRACO ASSIM,
ASSIM TÃO DESALMADO. AH…MEU CORAÇÃO QUEM NUNCA AMOU, NÃO MERECE SER
AMADO…VAI MEU CORAÇÃO, OUVE A RAZÃO, USA SÓ SINCERIDADE, QUEM SEMEIA
VENTO DIZ A RAZÃO, COLHE SEMPRE TEMPESTADE… VAI MEU CORAÇÃO, PEDE
PERDÃO, PERDÃO APAIXONADO… VAI, PORQUE QUEM NÃO PEDE PERDÃO, NÃO É NUNCA
PERDOADO… "( VINÍCIUS DE MORAES )
Hoje acordei com esta música na cabeça. Ontem adormeci com o meu
coração muito doído. Saí de uma reunião e resolvi voltar para casa
caminhando, já que gosto de caminhar, o fim da tarde estava lindo e não
estava longe de casa. Queria ficar um pouco introspectiva, meus
pensamentos tentavam se organizar, tinha passado uma tarde cansativa de
trabalho, quando me deparei com um quadro que me impressionou
absurdamente. No meio fio da calçada estava sentada uma moça de aspecto
miserável com o corpo coberto de curativos, chorava compulsivamente.
Prontamente, parei e perguntei-lhe se necessitava de auxílio quando,
não sei de onde, surgiu um homem, empurrou-me para roubar-me. Caí com o
coração em disparada, no momento, eu só pensava nele e implorava
mentalmente, que desacelerasse as suas batidas para eu poder
levantar-me. Vi um carro aproximando-se, reagi e joguei-me contra ele. O
carro parou e dele desceu um senhor que, imediatamente, veio em meu
socorro. Ofereceu-me auxílio, muito preocupado, enquanto eu via a moça e
o homem correndo juntos em louca disparada. Meu coração acalmava suas
batidas, mas, começou a dizer-me: Fui abusado…Depois de saber do
ocorrido e verificar se eu estava bem, meu socorrista ofereceu-se para
deixar-me em casa. Minha casa estava próxima, porém, com medo, de ser
novamente atacada, aceitei. Durante o trajeto, o gentil senhor, achou
minha atitude louvável por ser solícita ao querer socorrer aquela jovem,
mas, ingênua. Pensei : "nem sempre grandes mentes pensam igual": eu tive
compaixão, a compaixão transcende vidas individuais. Acho impossível não
podermos sentir compaixão pelo próximo; que paradoxo; o meu socorrista
teve compaixão por mim e veio em meu auxílio…
Coitado do nosso coração… O culpamos de tudo o que nos acontece. Além
dele ser o responsável pela nossa vida física, ainda colocamos sobre ele
a carga de ser o causador dos reflexos dos nossos sentidos. Se estamos
alegres, ele bate eufórico logo providenciamos para que volte a
bater normalmente. Se estamos agitados ele bate forte, tentamos logo
acalmá-lo, no mínimo fazendo exercícios de relaxamentos, ou tomamos
atitudes mais drásticas com comprimidos, loucos de medo de alguma reação
nociva ao físico, pressão alta, infarto, AVC entre outras. Se estamos
tristonhos e ele bate devagar, choramos e ele que trate de achar meios
de voltar ao normal. Ele é acusado de todas as nossas ações e
tagarelices mentais que enche a nossa consciência. Se nossas
expectativas não dão ou dão certo, amor, desamor, se fomos vulgares,
egoístas, incorretos ou corretos, gratos, ingratos, abusivos, abusados,
corruptos, se fomos injustiçados, não importa, diariamente o fazemos
sofrer e sempre haverá a transferência e responsabilidade para ele.
Algumas vezes se queremos aconselhar alguém e dizemos que temos boas
intensões e é de todo o coração, esse mesmo alguém poderá nos dizer que "
de boas intenções o inferno está cheio". Pronto, chamou o nosso coração
de inferno.
Tive somente algumas escoriações e algumas dores pelo corpo, graças a
Deus, o carro vinha devagar, estou muitíssimo agradecida ao meu
socorrista. Logo que cheguei em casa ele estava novamente batendo
compassadamente, porém, doía muito, sentia-se violado, injustiçado, esta
é a pior dor.Queria que ele esquecesse de vez, passou, pronto, esta não
é a primeira vez que estava sendo magoado, não é a primeira vez que
apoderavam-se dele machucando-o e abandonando-o com as suas dores, logo
estaria vertendo alegrias e eu estarei nova. Mas, ele precisa enlutar,
em qualquer que seja a circunstância ou dano por ele sofrido, em vista
disso, continuava pensando se fui ingênua ou não e, definitivamente,
encerraria a questão e concordaria com o anjo que me auxiliou. A ferida e
a dúvida continuavam se, por ventura, aquela jovem estivesse mesmo
necessitando de ajuda, o fato de não prontificar-me a dar-lhe auxílio
também não doeria o meu coração? Elaborei em minha mente conflituosa
alguns esboços sobre esta situação ou, pelo menos, uma resposta, somos
todos semelhantes a instrumentos musicais, perfeitos, quando estamos
afinados.
Lancei mão do bom e velho bordão: "O que os olhos não vêem, o coração
não sente"… Verdade… pode ficar em paz, meu coração, vou poupá-lo de
trazer-lhe sofrimento. Embora eu ame Vinícius de Moraes, hoje vou
discordar e fazer uma declaração de amor. Quem pede perdão a você sou
eu, meu bom coração, não quero, repentinamente, ser traída por você,
porque você é único, sem você eu nada serei, não poderei nunca ser eu e,
nem viver sem você ! (elpis-1ª publicação em nov.09)
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