"Um
de meus amigos esteve comigo por muitos anos. Ele era um fumante
inveterado e tentou e tentou, como todo fumante, não fumar. Um dia, de
repente pela manhã, ele decidia: “Agora eu não vou fumar mais”; e à
noite ele estava fumando de novo. E ele se sentia culpado e se
justificava e, então, por uns dias, ele não podia juntar coragem
novamente para decidir não fumar. Então, ele esquecia o que tinha
acontecido. Então, um dia novamente, ele dizia: “Agora, eu não vou
fumar mais”; e eu apenas ria, porque isso já tinha acontecido tantas
vezes...! Então, ele mesmo se tornou farto de toda a coisa - com esse
fumar e, então, decidir não fumar, e esse constante círculo vicioso.
Ele se perguntava o que fazer. Ele me perguntou o que fazer; assim eu
lhe disse: “Não vá contra o fumar - essa é a primeira coisa a se fazer.
Fume e esteja com isso. Por sete dias, não fique contra o fumar; faça
isso”.
Ele disse: “O que você está me dizendo? Eu fui contra e,
mesmo assim, eu não pude deixá-lo, e você está dizendo para eu não
ficar contra. Então, não há nenhuma possibilidade de deixá-lo”.
Assim, eu lhe disse: “Você tentou a atitude hostil e foi um fracasso.
Agora, tente a outra - a atitude amistosa. Não fique contra durante sete
dias”.
Imediatamente ele disse: “Então, eu serei capaz de abandoná-lo?”
Aí eu lhe disse: “Então, novamente... você continua inimigo dele! Não
pense em abandoná-lo de forma alguma. Como pode alguém pensar em
abandonar um amigo? Durante sete dias, simplesmente esqueça-se disso.
Fique com ele, coopere com ele, fume tão profundamente quanto possível,
tão amorosamente quanto possível. Quando você estiver fumando,
simplesmente esqueça tudo, torne-se o fumar. Fique totalmente à vontade
com ele, em profunda comunhão com ele. Durante sete dias, fume tanto
quanto você queira e esqueça-se dessa história de abandoná-lo”.
Esses sete dias tornaram-se uma consideração. Ele pôde olhar para o
fato de fumar. Ele não estava contra; assim, agora, ele podia encará-lo.
Quando você é contra alguma coisa, ou contra alguém, você não pode
encarar. O próprio fato de ser contra se torna uma barreira. Você não
pode considerar... Como você pode considerar um inimigo? Você não pode
olhar para ele, você não pode olhar em seus olhos; é difícil encará-lo.
Você pode olhar profundamente somente nos olhos de alguém que você ame;
então, você penetra profundamente. Do contrário, os olhos nunca podem se
encontrar.
Assim, ele olhou o fato profundamente. Durante sete
dias, ele o considerou. Ele não foi contra; assim, a energia estava
presente, a mente estava presente e aquilo se tornou uma meditação. Ele
teve que cooperar com aquilo. Ele teve que se tornar o fumante. Depois
de sete dias, ele se esqueceu de me contar. Eu estava esperando que ele
dissesse: “Agora, os sete dias se acabaram; e agora, como eu posso
abandonar”? Ele se esqueceu completamente dos sete dias. Três semanas se
passaram e, então, eu lhe perguntei: “Você se esqueceu completamente”?
Ele disse: “A experiência tem sido tão bela. Eu não quero pensar em
mais nada agora. Isso é belo e, pela primeira vez, eu não estou lutando
com o fato. Eu estou apenas sentindo o que está acontecendo comigo”.
Então eu lhe disse: “Sempre que você sentir o impulso para fumar,
simplesmente abandone-o”. Ele não me perguntou como abandoná-lo, ele
simplesmente considerou a coisa toda e a coisa toda se tornou tão
infantil e não havia nenhuma luta. Assim, eu disse: “Quando você sentir
novamente o impulso de fumar, considere-o: olhe para ele e abandone-o.
Pegue o cigarro em sua mão, pare por um momento, então, abandone o
cigarro. Deixe-o cair e enquanto o cigarro cai, deixe o impulso interno
cair também”.
Ele não me perguntou como fazê-lo, porque a consideração torna a pessoa capaz — você pode fazê-lo."
Osho, em "O Livro dos Segredos"
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