Se houver amanhã !
Se houver amanhã direi as mais lindas palavras de carinho que jamais
foram ditas. Sei que o amanhã é um pouco relativo, porque ele nos
foi imposto por aqueles que julgavam ou o mediam da maneira que melhor o
entendiam. Tudo o que pensamos é para depois, ou amanhã. Deixa-se de
vivenciar momentos presentes que poderiam ser os mais felizes de nossas
vidas para, primeiro, fazer o que nos é imposto para o momento futuro.
Não há dúvidas que precisamos sobreviver aqui, trabalhando, cumprindo
com as obrigações que escolhemos ou que nos escolheram para que o dia de
amanhã renda bons frutos. A necessidade de mostrarmos que vivemos em
sociedade e que essa sociedade tem que dar o melhor e aparentar o melhor
em quantidade, não em qualidade, nos faz escravos de nós mesmos.
Se
pensássemos que o tempo é um fio invisível e que pode nos lançar para um
outro lugar, agradável talvez, mas, não mais estivéssemos aqui ao lado
das pessoas amadas, dos lindos dias de sol, da natureza e dos animais,
qual seria a nossa relação com o tempo? Certamente, agiríamos como se
não houvesse amanhã, cantaríamos o tempo inteiro as nossas canções favoritas,
riríamos muito, acariciaríamos até aquele que julgamos ser nosso opositores.
Tiramos uma temporada chamada "férias" para esquecermos os
aborrecimentos e o cansaço dos dias corridos pra lá e pra cá. Planejamos
os bons momentos que viveremos, a viagem que faremos, os lugares que
conheceremos e nos esquecemos de planejar o hoje e o agora, com bons e
pequenos momentos de "férias" para acarinharmos as pessoas que estão
próximas a nós. No final do dia, ao voltarmos para descansar encontramos
novamente o mau e velho tédio a nos aguardar espreitando-nos para que
possamos apenas suspirar, reclamar e isolar tudo que poderia tornar-se
lindo se olhássemos com outros olhos, olhos de doçura, olhos de alegria,
olhos de um invejável brilho e de felicidade por termos conseguido
estar tão próximos de seres que o tempo nos deu, ou melhor, nos
emprestou, uma vez que ele(o tempo), nos roubará e nos levará ao ponto final do trajeto.
Às
crianças impomos tarefas que devem ser executadas porque todos assim o
fazem. É padrão, então façamos! Não olhamos no fundo dos seus olhos para
ver o brilho da alegria de viver, que tem cada criança em seu olhar. A
criança já aprende que devemos ter deveres e obrigações, não os
prevenimos que quando adultos farão de seus dias, como cidadãos, um
eterno mundo ilusório e mesquinho consigo e com os outros.
Como
indivíduos e sociedade, corremos o grande risco de nos negarmos amor e
aos outros, nos reprimirmos emocionalmente e nos tornarmos agressivos
porque vivemos como se o limite entre tempo e saúde fosse espaçoso e infinito, ao
ponto de pensarmos na imortalidade.
A
capacidade de amar parece estar ligada ao fazermos do que ao sermos. É
difícil encontrarmos harmonia e paz interior quando se vive em um mundo
tão conturbado, no entanto, devemos estar sempre atentos que amor está
intimamente ligado à paz interior. Ao expressarmos as nossas emoções, no
momento certo, aquele que nos é solicitado por nós, ou pelos que amamos
, vivenciamos o tempo com mais alegria e encontramos verdadeiramente o
espírito livre, para podermos chegar a linha do invisível que tirará o
tempo, definitivamente, de todos nós.(elpis)
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