sábado, 29 de junho de 2013

Feridas do coração

Passava alguns dias descansando na fazenda de um sobrinho, tinha por costume sentar no avarandado da casa. Não muito longe avistava a lagoa dos Patos, serena e linda com brilhos azulados pelo reflexo do sol forte da tarde. Observava meu filho com quatro anos de idade brincando com os cães sorrindo com muita alegria, guardei a foto na minha memória. Apenas eu e algumas poucas pessoas próximas conheciam aquele sorriso. Apesar de ter uma mãe sorridente, meu filho desde pequeno era sisudo e de poucos amigos. Seu sorriso era o mais encantador que já vi. Ocorreu-me perguntar a mim mesma : Que mãe serei quando meu filho escolher o seu caminho? Serei a mãe e amiga; apenas mãe; apenas amiga? Sentia-me vazia de respostas, com medo de invadir o seu livre arbítrio em algum ponto da sua caminhada. A criança cresceu, fui mãe presente quando precisei ser, fui amiga quando precisou de atenção, fui fiel ouvinte quando errei, e finalmente sinto-me realizada por ter sido aquela que quis e desejei ser, porque o vejo um homem de bom caráter, determinado que fez o seu caminho, principalmente respeitando os princípios da boa moral consigo e com todos que o rodeiam. Reconheço nele um homem observador e sem muitas criticas com relação aos outros, de poucas palavras, e disso estou orgulhosa. O fato de escrever algo sobre ele foi a surpreendente pergunta que me fez ontem : 
- Mãe, existe algo da sua vida que fez e da qual se arrependeu? Fiquei pasma, atordoada, foi uma pergunta inesperada. Minha primeira reação foi devolver a pergunta com outra-' Por que'?- perguntei.
- Por nada, não é o meu caso- disse-me- apenas curiosidade.
Mais uma vez devolvi com a pergunta :
-Curiosidade ?
- Certo vou falar : A tenho observado meio cabisbaixa e quieta, me preocupei, pronto é isso.
Sorri, agradeci e pedi-lhe um tempo para responder, explicando que nunca me ocorrera pensar sobre o assunto.
Pela primeira vez menti ao meu filho, o Universo sabe disso !
Tenho pensado sim, tenho sentido algo no fundo do meu peito, tenho me sentido injustiçada, tola, ingênua e arrependida. Nunca vou contar-lhe a verdade, quem sabe um dia ele leia esse texto, quem sabe .... No momento eu apenas sei que devo manter-me firme e continuar com a minha postura de mulher forte, ele ainda precisa ver-me assim. Depois será depois. Ele não precisa saber por mim que abri portas para as decepções, que me tornei fraca deixando assuntos incompletos para não magoar quem quer que fosse, ou citar quem se utilizou das minhas fraquezas, distanciar a minha guarda e contar-lhe as minhas feridas do coração.
Filho é um ser superior que devemos preservar até que viremos pó. Filho nos é presente do Universo colocado em nossas vidas para que nos esforcemos para os tornar indivíduos do bem. Eles poderão passar pelos mesmos tropeços que passamos, mas eles próprios devem cair, levantar e andar em frente abrindo as sua próprias fronteiras para o seu eixo de equilíbrio.  Preocupar meu filho jamais, afinal tudo passa.
No momento, penso que sou uma mulher gratificada, alguém muito especial me observa, inverteram-se os olhares. Nada melhor do que saber ser observada por um filho, homem correto e maduro.  Alguém do bem me observa, se observa está junto a mim, não há abandono.
Não vou falar mais no assunto, vou trazer para os meus olhos, novamente, as fotos da minha retina, da alegria e pura felicidade. Ver o meu filho com o sorriso infantil, alegre e correndo sendo observado pela mãe.(elpis)  
                                               

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