[... Depois fui escovar os dentes. Contemplei através do espelho, pensativo, a banheira. Quem fora mesmo que me dissera que os cabritos tinham um olhar ao mesmo tempo meigo e perverso, uma mistura de pureza e devassidão ? E o olhar dos seres humanos? Hum... Aquela banheira era pequena. Precisava comprar uma maior. Talvez uma jacuzzi, das grandes, com jatos estimulantes.
Fiquei vendo meu rosto no espelho. Olhei meus olhos. Olhando e sendo olhado - uma coisa afinal irrefletida, um eixo de aço, lava de um vulcão sendo expelida, nuvem infindável.
O olhar. O olhar.] (Rubem Fonseca - Romance Negro E Outras Histórias)
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