segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Dá-me a tua mão

"Dá-me a tua mão: 
 Vou agora te contar 
 como entrei no inexpressivo 
 que sempre foi a minha busca cega e secreta. 

 De como entrei 
 naquilo que existe entre o número um e o número  dois, 
 de como vi a linha de mistério e fogo, e que é  linha sub-reptícia. 

 Entre duas notas de música existe uma nota, 
 entre dois fatos existe um fato, 
 entre dois grãos de areia por mais juntos que  estejam 
 existe um intervalo de espaço, 
 existe um sentir que é entre o sentir - 
 nos interstícios da matéria primordial 
 está a linha de mistério e fogo 
 que é a respiração do mundo, 
 e a respiração contínua do mundo 
 é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.".  (Clarice Lispector)
              

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