quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Amor Incondicional *para quem ama animais

"Morreu minha cadelinha Pink, com 13 anos de idade. Era a única pessoa que me fazia festa quando eu chegava em casa. Era de ver a alegria de que ficava tomada,saltando,latindo esperando de mim uma reação afetiva.
Morreu a minha cadelinha poodle, pelos eriçados, cor de chumbo, olhos alertas, uma alegria de viver que se transmitia a todos.
Morreu a minha cadelinha Pink, e eu ainda tropeço nela no corredor como se ela ainda existisse, tenho o cuidado de fechar a porta do quarto para que ela não entre e não suje o tapete. É incrível, mas eu procedo ainda como se ela vivesse. Impregnou-se tanto em minha vida, que a minha existência prossegue tendo-a como companheira de todas as horas.
Não dá para esquecer que, quando eu saía de casa, ela mostrava uma angústia tremente, parecendo que ia me perder para sempre.
Como eu, tinha labirintite. Como eu, deve ter sofrido muito. Em seus últimos dias, tossia muito a pobrezinha, sobrevivia à custa de muitos remédios, mas ostentava um petulante orgulho de viver. O que me amassava era que ela não podia transmitir o seu sofrimento. O que será que pensava quando a tontura lhe tirava o apetite de viver? Como deve ter na sua mudez se desesperado por não poder dizer o que sentia. Era uma dor sozinha, um isolamento, sei lá como se sentem os animais quando adoecem e talvez não percebam que podem morrer.
Um vazio percorre a casa. Aquela ânsia permanente por outra comida que não fosse a ração, aquela curiosidade por tudo o que se fazia em torno dela, aquele rosnar furioso e com latidos quando a gente ameaçava, brincando, que iria tocar na sua cama e no seu lençol, são todas imagens que não se apagam da minha lembrança.
Os cães tem alma, tenho certeza disso. Se ela não tivesse alma, não teria deixado tamanha saudade. Se não tivesse não se apoderaria de mim esta tristeza que me penetra como um punhal de nostalgia da Pink.
Aquele sonho de que, depois da morte, iremos encontrar com nossos seres queridos tem no meu caso como centro a figura da Pink.
Mimosa, querida, adorada, vai estar no céu entre meus amigos e meus parentes, agitando a todos com seus latidos e aquele olhar suplicante por comida diferente.
Mimosa, dedico todos os dias para ti uma boa e quieta quantidade de lágrimas."(Paulo Santana-A alma da Pink-Jornal Zero Hora, 09 de dezembro de 2009)

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No em dia que Paulo Santana escreveu este texto, minha cachorrinha Biba(14 anos) estava hospitalizada havia dois dias depois de cinco meses recuperando-se de um AVC e estava sendo medicada em casa. Voltou em seguida para o hospital por mais um mês, em 04 de janeiro retornou para casa debilitada e sendo obrigada a ter atendimento permanente de hora em hora com papinhas e gelatina em conta gotas além de tomar oito remédios diários. Daí em diante, por mais dois meses e dez dias enlutamos a sua morte constantemente enquanto ela reagia e voltava a tomar água e a alimentar-se sem o nosso auxílio. Certa tarde resolvi meditar ao lado dela quando por milagre retornei da minha profunda meditação com um barulhinho leve, abri meus olhos e ela estava de pé olhando-me fixamente, ela havia levantado, encantada e feliz dei-lhe um longo abraço, retornou à vida a minha amada. Já caminhava lentamente e passeava um pouquinho pelo apartamento. Parecia que queria nos demonstrar sua gratidão e seu último afeto.
Nos três últimos dias antes da sua morte debilitou-se totalmente e começou a esconder-se, procurar espaços e cantos para que não a víssemos triste e com dores. Lembro da tarde anterior quando chorando muito a abracei e disse-lhe : -Minha amada, se deseja mesmo partir eu a libero, não vou mais impedir que fique comigo. 

No outro dia ao acordar quando fui vê-la já havia partido.
Depois de ler esta manifestação de amor de Paulo Santana dizer mais alguma coisa sobre a falta que ela me faz, seria redundância, no entanto ainda ressalto que não me arrependo 
da minha obstinação e disposição em prolongar com qualidade e amor os dias dela porque da mesma forma ela nos fez felizes, a mim e principalmente ao meu filho na sua infância compartilhando brincadeiras, alegrias e afeto como fiel companheira. Nunca me arrependi de dispor tempo integral, disposição e atenção especial a este ser que me amou e eu amei, hoje não choro mais, mas a saudade é pior do que o choro.(elpis)

                     
                                                    

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