quinta-feira, 10 de julho de 2014

"Nada espera, ninguém. 
Você lava o rosto, finge não ter visto coisa alguma. 
É possível também ligar o rádio. 
Um banho frio, o café feito uma bofetada. 
Há pensamentos-matinais-despenteados que põe o rabo entre as pernas e dão o fora, mas outros adoram apanhar. 
Quanto mais você bate, mais ele arreganha os dentes e instiga para apanhar mais. 
Isso magnetiza e atrai outros pensamentos, ainda mais descabelados e até então escondidos. 
Se era um nome, vem um sobrenome. 
Se era um rosto, vem a textura da pele, um cheiro um jeito de olhar. 
Se fantasia, ganha cor, e assim por diante. 
Pensamentos desse tipo são quase sempre proustianos: loucos pelo velho e bom tempo perdido."(Caio Fernando Abreu)
                    

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