" Pensar é a todo
momento e a todo custo. Pensar dói, cansa e só traz aborrecimentos.
Melhor é não pensar. Mas pensar não é facultativo. Se o cérebro, a
mínima parte dele que seja, deixa de estar alerta por um momento,
penetram lá, como parasitas difíceis de erradicar, «ideias» vindas da
imprensa, do rádio, da televisão, da propaganda geral, dos produtos em
série, do consumo degenerado, dos doutores em lei, arte, literatura,
ciência, política, sociologia. Essa massa de desinformação, não só
inútil como nociva, nos é, aliás, imposta de maneira criminosa nos
primeiros anos de nossa vida. E se, algum dia, chegamos a pensar no
verdadeiro sentido do termo, todo o restante esforço da existência é
para nos livrarmos de uma lamentável herança cultural. Pois,
infelizmente, o cérebro humano é um dos poucos órgãos do corpo que não
têm uma válvula excretora. E as fezes culturais ficam lá, nos
envenenando pelo resto da vida, transformando o mais complexo e mais
nobre órgão do corpo numa imensa fossa, imunda e fedorenta. Um
lamentável erro da Criação."(Millôr Fernandes - O Livro Vermelho dos Pensamentos)
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