"É
difícil me iludir, porque não costumo esperar muito de ninguém. Odeio
dois beijinhos, aperto de mão, tumulto, calor, gente burra e quem não
sabe mentir direito. Não puxo saco de ninguém, detesto que puxem meu
saco também. Não faço amizades por conveniência, não sei rir se não
estou achando graça. Que coisas são essas que me dizes sem dizer,
escondidas atrás do que realmente quer dizer? Tenho me confundido
na tentativa de te decifrar, todos os dias. Mas confuso, perdido,
sozinho, minha única certeza é que cada vez aumenta ainda mais minha
necessidade de ti. Torna-se desesperada, urgente. Hoje eu saí de casa tão
feliz, que nem me lembrei que em algumas horas a tristeza bate, me
sacode e me faz sentir dores que eu não imaginava que continuavam ali.
Fico pensando que nunca mais vai se repetir, é só uma vez, a única, e
vai me magoar sempre. Nós nos inventamos um ao outro porque éramos tudo o
que precisávamos para continuar vivendo." (Caio Fernando Abreu)
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