Lembro que sempre tive por hábito conversar com os mais velhos do que eu, sempre com bom gosto buscava ouvir as suas histórias e os observava. Achava lindo seus rostos e mãos marcados com fortes rugas, voz atenciosa e calma com olhares lânguidos a atravessarem o meu rosto. Sentia acolhimento, paz e conforto de que eles eram felizes apesar das suas histórias pessoais de luta e sobrevivência. Lembro do meu avô e das suas aventuras como desbravadores imigrantes, da escassez, miséria e luta para enfim assentar as suas raízes. Viveram uma outra época que não acho necessário especificar porque todos temos as nossas raízes.
Hoje refletindo, estou antecipadamente lamentando ter que compartilhar pieguices, com os que um dia se interessarem. A modernidade encolheu os cérebros e o excesso de informações das novas tecnologias desviou a nossa atenção para a superficialidade. Não há mais conversas reais, não há troca de interesses individuais e mútuos e a fórmula da felicidade apontando para longe de nós.
Cumpri o meu papel de mãe, de educadora e profissional, não lamento o desenvolvimento tecnológico e não discuto a sua utilidade, dela fiz e faço uso. O que lamento é a falta de tempo, de atenção e cordialidade das pessoas no trato individual e que estão ali perto de nós, junto a nós mas tão distantes. Lamento pela falta de leitura. Lamento pelos poucos passeios ao ar livre. Lamento pela falta de romantismo. Seria mais ou menos esses poucos lamentos meus um dos fatores pela perda de paz e felicidade ?
Penso que é uma questão do uso exagerado que muitos escolhem fazer de um mundo inteiro agora acessível.(elpis)
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