sábado, 26 de dezembro de 2020

Para que voltar se logo partirá? 
Para que rever se não há mais nada a reviver. 
Deixa como está, assim nada irá doer. Minha alma pede calma, meus sentidos alegria, meu sossego pede a paz que com você não mais existia. Sinto que há perigo nas voltas da vida e que qualquer cilada nos fará novamente desistir. 
Para não haver lamentos esqueçamos tudo que houve, não voltemos ao mesmo lugar, embora confesse agora a minha ousadia: ainda carrego comigo as suas sonoras risadas na minha memória emotiva. Quando aquieto a mente para espiar velhos sonhos o som forte da sua voz vem até mim com o vento e some, talvez isso explique o meu arrependimento por amar um espírito livre sem amarras e sem limite. (elpis)

domingo, 20 de dezembro de 2020

"Ai quem me dera, terminasse a espera

E retornasse o canto simples e sem fim...

E ouvindo o canto se chorasse tanto

Que do mundo o pranto se estancasse enfim


Ai quem me dera percorrer estrelas

Ter nascido anjo e ver brotar a flor

Ai quem me dera uma manhã feliz

Ai quem me dera uma estação de amor


Ah! Se as pessoas se tornassem boas

E cantassem loas e tivessem paz

E pelas ruas se abraçassem nuas

E duas a duas fossem ser casais


Ai quem me dera ao som de madrigais

Ver todo mundo para sempre afins

E a liberdade nunca ser demais

E não haver mais solidão ruim


Ai quem me dera ouvir o nunca mais

Dizer que a vida vai ser sempre assim

E finda a espera ouvir na primavera

Alguém chamar por mim..."(Vinicius de Moraes)

domingo, 13 de dezembro de 2020

Se o vento estiver suave, se não estiver chovendo e o sol aparecer, se for noite de lua cheia pegarei meu violão pra fazer uma canção de amor para você. Se tudo for ao contrário não vou desanimar,  calmamente vou sentar próximo à minha janela e orar por um belo amanhecer. E, assim são os meus dias, sempre com o pensamento voltado para o seu lado pois não há nada melhor do que poder sentir você.(elpis)

sábado, 5 de dezembro de 2020

Inconstância


Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava; 
Eterna sonhadora edificava 
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu, 
E tanto beijo a boca me queimava! 
E era o sol que os longes deslumbrava 
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer... 
Atrás do sol dum dia outro a aquecer 
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo 
É igual a outro amor que vai surgindo, 
Que há-de partir também... nem eu sei quando... (Florbela Espanca)